Resenha: “Fruto Sagrado 20 anos” – Fruto (Sagrado)

Para quem acreditava que a banda Fruto Sagrado havia acabado – bem, acertou! Pelo menos em certo sentido, “Fruto Sagrado” não existe mais. O grupo agora atende pelo nome de “Banda Fruto”. O que levou a isso – se problemas judiciais, briga entre membros, empresários – eu sinceramente não sei.
Mas não apenas o nome mudou, Fruto está com novo vocalista, Vanjor, do qual falarei durante a resenha de seu novo (ou seria primeiro?) álbum, “Fruto Sagrado 20 anos”. Muitos fãs ficaram frustrados com este álbum, pois a maior parte dele consiste apenas de regravações de clássicas baladas (e outras nem tão baladas assim) da banda – já outros gostaram, pois ele mostra que a banda ressuscitou, e que poderá no futuro próximo (quem sabe?) voltar à rotina de lançamentos inéditos e turnês.
Enfim, vamos ao material novo da banda.
O álbum começa com a linda música “Noite de Paz”, gravada originalmente no álbum “O que na verdade somos”. A letra dispensa comentários, o Bené simplesmente arrasou na mensagem desta música. Trata-se de um soco na cara de quase todos os cristãos, que tomam o Natal como tudo, menos como uma recordação do Cristo foi de fato. Musicalmente falando, esta nova versão traz pontos positivos e negativos – um positivo seria o novo arranjo, bem “gostoso” de ouvir; o negativo fica com a interpretação que o vocalista Vanjor fez dela (algo recorrente durante todo o álbum). O timbre de voz dele é perfeito, mas para este CD em específico faltou sentimentos em sua voz. Por exemplo, o sarcasmo na frase “eu acho que vocês acham que eu sou um débil, mental” – ele cantou esta passagem como alguém que lê uma receita de bolo – sem sentimento algum.
A seguir outra regravação vinda do “O que na verdade somos”, com a música “Diferente dos anjos”. Não há muita diferença entre as duas versões, para falar a verdade. A crítica sobre da “falta de sentimentos” dita na música anterior é válida aqui também, porém nessa música Vanjor se sai melhor. Algo que senti falta nesta música foi os vocais back.
A terceira é uma regravação da própria “O que na verdade somos”. Eu achei que a interpretação de Vanjor nesta música ficou até mais legal que a versão original do Marcão (ex-vocalista). A música aparentemente combina com o timbre de voz do Vanjor, então o resultado foi positivo – gostei de ouvi-la.
Temos a seguir a primeira faixa inédita do disco, "Ao fim do dia". O arranjo de cordas é gostoso de ouvir, relaxante, e a letra da música vai agradar aos apaixonados. É difícil falar mais do que isto, a música é um tanto monótona, para falar a verdade. Graças a Deus ela tem apenas 2:30 min.
A quinta música é uma regravação acústica da tecno-trash “Sanguessuga”, também do álbum “O que na verdade somos”. Meu comentário é: não colou. A execução foi ok, mas tirando a característica mais marcante da versão original – os gritos de Marcão – e substituindo pela voz melancólica e constante de Vanjor foi um tipo de suicídio. Esta nova versão começa a ficar boa apenas lá pelos 3:10, quando uns solos e umas variações de bateria entram para despertar quem a estava ouvindo.
“Superman” é a próxima. Pouca diferença em relação à versão original. Até as partes orquestradas aparecem nos mesmos momentos nas duas versões.
A nova versão de “Não quero mais acordar assim” (a famosa “melô de Jó”) me agradou em alguns pontos. É agradável de se ouvir. Porém ela peca nos mesmos pontos já comentados acima.
“Escravos do Porvir” é a outra faixa inédita deste álbum. De longe ela é melhor que “Ao fim do dia” – possui variações, um Q meio progressivo, e uma letra tipicamente “Fruto Sagrado”: crítica inteligente. A mensagem possui um apelo existencialista, provavelmente surgida após alguma leitura do livro de Eclesiastes. Vanjor aparentemente estava mais à vontade para cantar esta música. Tudo “encaixou” nela – faltou só alguns vocais back.
A penúltima faixa é uma regravação de “O Sangue de Abel”, uma das mais trabalhadas (em termos líricos) músicas da história do Fruto. Esta regravação contém a participação especial de João Alexandre, que certamente enriquece seu conteúdo. O que mais faz falta nesta versão é – de novo – um maior sentimento naquilo que se canta. A melhor parte da música fica por conta do trecho cantado por Henir Passos (o que é apenas um hiato na música).
Por fim “Ninguém me encontrará entre os fracos” e ao invés de comentar sobre ela especificamente, vou fazer um resumo geral deste álbum, pois as considerações que faria sobre esta música seriam as mesmas que farei logo abaixo, para o álbum como um todo.
Primeiro, a voz de Vanjor ficou monótona demais. As interpretações não exprimiram sentimentos, e isto descaracterizou as músicas da banda (especialmente as regravações). Segundo, faltaram os importantes vocais back nas músicas de todo o álbum, o que as deixou incompletas em vários sentidos. Terceiro, já que tratou-se de regravações, poder-se-ia ter modificado os arranjos das mesmas, criando um ambiente musical diferente do que estávamos acostumados (mas sem exageros – a única em que vocês mudaram-na radicalmente, “Sanguessuga”, não ficou boa).
Bem, longe de que alimentar estas controvérsias sobre que “vocalista canta mais” é indiscutível o fato de que a banda Fruto perdeu com a substituição de Marcão por Vanjor. Não crítico no intuito de machucar – bem pelo contrário: graças a Deus que as deficiências foram vistas em um álbum de regravações, pois a banda pode rever alguns pontos a partir das críticas, e assim trabalhar melhor algum futuro lançamento com inéditas. Pelo que li Vanjor é jovem, e se este for o caso, sucesso para você cara! Trabalhe afinco sua voz e, principalmente, cante com sua alma; cante de forma que sua voz transmita o sentimento da música.
Eu realmente espero que o Fruto renasça das cinzas, com álbuns novos e turnês. Basta apenas ajustar alguns pontos (pequenos, mas importantes) musicais e, acredito, a banda vai voltar a ser a referência que um dia já foi. Torço por isto.
Quanto ao álbum, nota 6/10 para ele. Apesar dos pontos negativos, foi um álbum que eu gostei de ter adquirido.
Eliel Vieira
eliel@elielvieira.org

DESCONSTRUINDO por Eliel Vieira está licenciado sob Creative Commons Attribution.
Mas não apenas o nome mudou, Fruto está com novo vocalista, Vanjor, do qual falarei durante a resenha de seu novo (ou seria primeiro?) álbum, “Fruto Sagrado 20 anos”. Muitos fãs ficaram frustrados com este álbum, pois a maior parte dele consiste apenas de regravações de clássicas baladas (e outras nem tão baladas assim) da banda – já outros gostaram, pois ele mostra que a banda ressuscitou, e que poderá no futuro próximo (quem sabe?) voltar à rotina de lançamentos inéditos e turnês.
Enfim, vamos ao material novo da banda.
O álbum começa com a linda música “Noite de Paz”, gravada originalmente no álbum “O que na verdade somos”. A letra dispensa comentários, o Bené simplesmente arrasou na mensagem desta música. Trata-se de um soco na cara de quase todos os cristãos, que tomam o Natal como tudo, menos como uma recordação do Cristo foi de fato. Musicalmente falando, esta nova versão traz pontos positivos e negativos – um positivo seria o novo arranjo, bem “gostoso” de ouvir; o negativo fica com a interpretação que o vocalista Vanjor fez dela (algo recorrente durante todo o álbum). O timbre de voz dele é perfeito, mas para este CD em específico faltou sentimentos em sua voz. Por exemplo, o sarcasmo na frase “eu acho que vocês acham que eu sou um débil, mental” – ele cantou esta passagem como alguém que lê uma receita de bolo – sem sentimento algum.
A seguir outra regravação vinda do “O que na verdade somos”, com a música “Diferente dos anjos”. Não há muita diferença entre as duas versões, para falar a verdade. A crítica sobre da “falta de sentimentos” dita na música anterior é válida aqui também, porém nessa música Vanjor se sai melhor. Algo que senti falta nesta música foi os vocais back.
A terceira é uma regravação da própria “O que na verdade somos”. Eu achei que a interpretação de Vanjor nesta música ficou até mais legal que a versão original do Marcão (ex-vocalista). A música aparentemente combina com o timbre de voz do Vanjor, então o resultado foi positivo – gostei de ouvi-la.
Temos a seguir a primeira faixa inédita do disco, "Ao fim do dia". O arranjo de cordas é gostoso de ouvir, relaxante, e a letra da música vai agradar aos apaixonados. É difícil falar mais do que isto, a música é um tanto monótona, para falar a verdade. Graças a Deus ela tem apenas 2:30 min.
A quinta música é uma regravação acústica da tecno-trash “Sanguessuga”, também do álbum “O que na verdade somos”. Meu comentário é: não colou. A execução foi ok, mas tirando a característica mais marcante da versão original – os gritos de Marcão – e substituindo pela voz melancólica e constante de Vanjor foi um tipo de suicídio. Esta nova versão começa a ficar boa apenas lá pelos 3:10, quando uns solos e umas variações de bateria entram para despertar quem a estava ouvindo.
“Superman” é a próxima. Pouca diferença em relação à versão original. Até as partes orquestradas aparecem nos mesmos momentos nas duas versões.
A nova versão de “Não quero mais acordar assim” (a famosa “melô de Jó”) me agradou em alguns pontos. É agradável de se ouvir. Porém ela peca nos mesmos pontos já comentados acima.
“Escravos do Porvir” é a outra faixa inédita deste álbum. De longe ela é melhor que “Ao fim do dia” – possui variações, um Q meio progressivo, e uma letra tipicamente “Fruto Sagrado”: crítica inteligente. A mensagem possui um apelo existencialista, provavelmente surgida após alguma leitura do livro de Eclesiastes. Vanjor aparentemente estava mais à vontade para cantar esta música. Tudo “encaixou” nela – faltou só alguns vocais back.
A penúltima faixa é uma regravação de “O Sangue de Abel”, uma das mais trabalhadas (em termos líricos) músicas da história do Fruto. Esta regravação contém a participação especial de João Alexandre, que certamente enriquece seu conteúdo. O que mais faz falta nesta versão é – de novo – um maior sentimento naquilo que se canta. A melhor parte da música fica por conta do trecho cantado por Henir Passos (o que é apenas um hiato na música).
Por fim “Ninguém me encontrará entre os fracos” e ao invés de comentar sobre ela especificamente, vou fazer um resumo geral deste álbum, pois as considerações que faria sobre esta música seriam as mesmas que farei logo abaixo, para o álbum como um todo.
Primeiro, a voz de Vanjor ficou monótona demais. As interpretações não exprimiram sentimentos, e isto descaracterizou as músicas da banda (especialmente as regravações). Segundo, faltaram os importantes vocais back nas músicas de todo o álbum, o que as deixou incompletas em vários sentidos. Terceiro, já que tratou-se de regravações, poder-se-ia ter modificado os arranjos das mesmas, criando um ambiente musical diferente do que estávamos acostumados (mas sem exageros – a única em que vocês mudaram-na radicalmente, “Sanguessuga”, não ficou boa).
Bem, longe de que alimentar estas controvérsias sobre que “vocalista canta mais” é indiscutível o fato de que a banda Fruto perdeu com a substituição de Marcão por Vanjor. Não crítico no intuito de machucar – bem pelo contrário: graças a Deus que as deficiências foram vistas em um álbum de regravações, pois a banda pode rever alguns pontos a partir das críticas, e assim trabalhar melhor algum futuro lançamento com inéditas. Pelo que li Vanjor é jovem, e se este for o caso, sucesso para você cara! Trabalhe afinco sua voz e, principalmente, cante com sua alma; cante de forma que sua voz transmita o sentimento da música.
Eu realmente espero que o Fruto renasça das cinzas, com álbuns novos e turnês. Basta apenas ajustar alguns pontos (pequenos, mas importantes) musicais e, acredito, a banda vai voltar a ser a referência que um dia já foi. Torço por isto.
Quanto ao álbum, nota 6/10 para ele. Apesar dos pontos negativos, foi um álbum que eu gostei de ter adquirido.
Eliel Vieira
eliel@elielvieira.org

DESCONSTRUINDO por Eliel Vieira está licenciado sob Creative Commons Attribution.
3 comentários:
Eu não ouvi o album todo ainda, ouvi só a prévia do "Uma noite de paz", e até achei meio sem expressão tambem.
20 de fevereiro de 2010 07:21A parte de "ele parece estar lendo uma receita de bolo", foi bem verdade.
Pena, uma ótima banda, espero que compensem no próximo trabalho.
Fruto sagrado sem marcao?puts....nao gosto.....
20 de fevereiro de 2010 18:01Como o Eduardo disse, FS sem o Marcão não é o mesmo...
23 de fevereiro de 2010 11:33Postar um comentário